Cuidado com o Holandês voador!
Ao ler ou ouvir algum comentário na mídia, seja ele contrário ou a favor do Estado, tome muito cuidado com a tripulação do holandês voador, ela pode conter um viés maligno travestido de imparcial onde se busca apenas a defesa de Davy Jones.
No filme Piratas do Caribe – O baú da morte, devido a uma maldição, a tripulação não só fica presa ao barco “holandês voador” do capitão “Davy Jones”, como se torna parte dele, sendo obrigada a obedecê-lo cegamente não importando para quais mares está sendo levada.
Ao cobrir a política, frequentar os mesmos ambientes que os agentes públicos e muitas vezes criar laços afetivos, esses profissionais do ramo que possuem uma enorme responsabilidade civil e social e que deveriam ser os porta vozes da sociedade pouco a pouco vão sendo absorvidos pelo “barco”, se tornando parte do sistema, e conscientemente ou não, passam a defendê-lo e/ou atacá-lo de acordo com a conveniência dessas amizades criadas, ignorando o bom senso, a moralidade e até mesmo as leis e a justiça.
Inclusive, um mantra é observável em ambas as tripulações, enquanto a do filme diz repetidamente “parte do navio e tripulação”, a da vida real insiste em frases como “ele tem uma boa articulação política”, se referindo a políticos que permanecem em cargos de confiança sob o comando de diferentes partidos e supostamente ideologias, deixando claro que no mínimo o desejo de se manter no poder está acima de suas supostas convicções. Frase essa usada repetidamente para se referir positivamente a Eduardo Cunha, Antônio Palocci, Geddel e agora Onyx, por exemplo.
Outro mantra observável é o “a política é assim”, como se não houvesse alternativa, é possível ouvi-lo aos montes se referindo a temas como por exemplo, da reforma da previdência, onde os políticos claramente chantageiam o presidente afirmando em frente às câmeras que somente votarão a favor se o mesmo der o que desejam, pouco se lixando para o que algo tão importante como essa pauta representa e impacta na vida de cada um dos brasileiros.
Alguns o fazem de maneira tão notória que já deixaram de ser parte do casco e viraram proa, possuem uma vergonhosa cumplicidade com seus Davy Jones, como é o caso de Claudio Humberto e Reinaldo Azevedo da Bandeirantes, Paulo Henrique Amorim da Record e William Waack da Globo, entre tantos outros.
Tudo isso claro, pensando em um sistema micro, partindo de um pressuposto utópico onde essas grandes empresas que os empregam sejam minimamente imparciais e não pertençam aos seus próprios holandeses voadores e deixem seus funcionários livres para exercer seus papeis. Cenário esse ainda mais desalentador, pois obviamente elas também estão tão intrinsicamente ligadas aos próprios barcos e Davy Jones que não dão a mínima para quais mares serão levados.
Enquanto isso, a população segue na calmaria da terra firme dizendo que o tal barco não passa de uma lenda urbana.