O Novo Estado Islâmico
Nos últimos três anos e meio, o Estado Islâmico tem sofrido incontáveis derrotas, o grupo já perdeu mais de 90% dos territórios que já estiveram em seu controle. Mesmo com os governos de Síria e Iraque anunciando que os derrotaram, há muitos indícios que o grupo está longe de ter sumido do mapa. Especialistas no assunto alegam que eles tiveram que se reinventar, mas que mesmo enfraquecido, estão longe de deixar de existir.
Ainda em 2015 surgiu o termo “Califado Virtual”, para se referir a nova propaganda do grupo, menos ideológica e mais pragmática . O EI continua sendo a principal facção jihadista sunita da internet, ainda que tenha mudado seus discursos de acordo com suas necessidades e acontecimentos, o objetivo maior não é mais recrutar e levar novos membros para seus domínios, mas sim, instigar o terrorismo mundial.
O grupo passou a adotar também a tática do vitimismo, alegam que os muçulmanos de todo o mundo são vítima de uma conspiração global de guerra contra o Islã, tentando criar uma espécie de nostalgia do califado, assim como, usar a velha tática do inimigo externo comum a fim de criar laços com a população local.
Outra mudança foi voltar-se aos grupos locais, além de criticar a Al Qeda por focar em inimigos que estão longe como os EUA e esquecer os “irmãos do Islã que estão perto”, agora criticam também o Hamas por, segundo eles, “falar demais e agir de menos”, visando novos apoiadores na região.
AS táticas militares também mudaram, o ISIS não usa mais mulheres bomba em seus atos, agora as colocam como protetora do lar mesmo que isso implique em pegar em armas para defendê-lo. Mais uma mudança importante foi voltar a usar táticas de guerrilha, evitando um confronto aberto com coalizões internacionais, assim como em suas origens em 2010.
Outro fator importante para apostar que o EI está longe de ter seu fim são suas finanças, até dois ou três anos atrás apenas eles possuíam muitas fontes de renda que variavam de poços de petróleo a tráfico humano, acredita-se que tenham em sua posse por volta de 400 milhões em dólares.
Há de se ressaltar também, que nada adianta vencê-los militarmente mas não socialmente e politicamente. Com as condições de vida ainda piores nesses países destruídos pela guerra ao terror, sempre haverá novos recrutas de pessoas radicalizadas pela falta de esperança.
O ponto que parece ser unânime entre pesquisadores é que o futuro do grupo depende mais das lideranças locais da Síria, do Iraque, e como elas vão administrar esse vácuo de poder deixado pelo EI do que da vontade das distantes grandes potências como Rússia, EUA e Europa.