China, Coronavírus e a extrema pobreza global
Segundo a ONU, o principal objetivo mundial deve ser o combate à extrema pobreza, e não, ela não diz isso por ser parte de um plano macabro de dominação global com desejos de colocar chips nas pessoas e possibilitar a George Soros controlar todos nós. Também não é um ser celestial de asas que veio enviado por Deus para salvar a raça humana de um fim certo.
A ONU nada mais é do que uma organização internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para debater diversas questões através de especialistas pertencentes a essas nações-membro.
Em seu preâmbulo consta:
“Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que, por duas vezes no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes de direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla.
E para tais fins, praticar a tolerância e viver em paz uns com os outros, como bons vizinhos, unir nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, garantir, pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, e empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos”.
A extrema pobreza precisa ser erradicada o quanto antes meramente em questões objetivas e concretas, e não de superioridade moral ou ideológica. Seus efeitos são infinitos e imprevisíveis, usando as reflexões de Nassim Taleb, efeitos são “consequências inerentes à própria percepção da realidade, que só podemos reagir a esses eventos imprevisíveis se aceitarmos que a incerteza das nossas ações tem um impacto profundo, não só nas nossas próprias vidas particulares como na sociedade onde tentamos encontrar alguma ordem”.
Ou seja, os efeitos colaterais da extrema pobreza, uma vez que imprevisíveis vão sempre chegar primeiro do que possíveis ações de combate. Faz-se necessário atuar contra a causa e não suas consequências.
O efeito bola da vez é o Coronavírus chinês que, até o presente momento (24/01/2020 – 14:20) e consta com os seguintes dados:
Casos na China: 887
Casos em Wuhan: 549
Mortes: 26 (todas na China)
Países com casos confirmados: China, EUA, Japão, Coreia do Sul, Tailândia, Singapura, Vietnam.
Cidades em quarentena: 10 (+- 40 milhões de pessoas)
A principal suspeita até o momento é de ingestão de cobra, morcego ou rato em um mercado que vende esses animais vivos na província de Wuhan. Engana-se quem trata o fato de haver certos povos que se alimentem desses animais por prazer ou para manter viva uma prática ancestral.
Nos últimos 70 anos, mais de 850 milhões de chineses saíram da pobreza extrema, a taxa de pobreza da China caiu de 88% em 1981 para 0,7% em 2015. Só nos últimos 10 anos, foram mais de 500 milhões, isso dá mais de 2 “Brasis”.
Alimentar-se de animais peçonhentos é mera questão de sobrevivência, assim como nossos avós tinham o costume de misturar fruta com comida, não a para ser algo gourmet, digno de post no Instagram, mas sim, a pura necessidade de sobreviver com o que se tem em mãos. Além de nossa população ser incrivelmente menor, nossas terras são mais ricas, as frutas são abundantes, por isso não chegamos ao nível de comer animais “exóticos”.
Na República Democrática do Congo, atualmente, há milhares de pessoas vivendo em montanhas remotas fugindo de conflitos entre milícias. A fome e as condições precárias levaram a um surto de Cólera. Cerca de 600 pessoas contraíram a doença recentemente.
Crises mundiais geradas por grandes pobrezas locais não são novidade para o mundo, a AIDS surgiu na década de 30 em uma pobre região africana onde tribos da África Central comiam chimpanzés. O vírus Ebola surgiu no Congo devido ao contato com morcegos. E assim podemos puxar pela memória e pelos livros de história até chegar na famosa Peste Negra da Europa Medieval.
São centenas de milhões de mortes causadas por situações pontuais e específicas, como diria o poeta John Donne:
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
Ainda segundo a ONU:
“Mais de 700 milhões de pessoas, ou 10% da população mundial, ainda vivem em extrema pobreza e lutam para atender às necessidades mais básicas, como saúde, educação e acesso à água e saneamento, para citar alguns. A maioria das pessoas que vivem com menos de 1,90 dólar por dia vive na África Subsaariana. Em todo o mundo, a taxa de pobreza nas áreas rurais é de 17,2% – mais de três vezes mais que nas áreas urbanas.
Ter um emprego não garante uma vida decente. De fato, 8% dos trabalhadores empregados e suas famílias em todo o mundo viviam em extrema pobreza em 2018. A pobreza afeta as crianças de maneira desproporcional, uma em cada cinco crianças vive em extrema pobreza”.
Portanto, a ONU e seus membros precisam combater a pobreza não por questão ideológica, mas sim pela simples frieza dos números. Por que sem saúde, um país não produz riquezas e não se transforma em um Estado economicamente viável. Algo que não é interessante nem para os que detém poder e dinheiro, afinal eles precisam da roda girando mais do que ninguém. Sem a base da pirâmide, o topo desmorona.