Konfrontasi – a Guerra entre Indonésia e Malásia
O confronto Indonésia-Malásia foi uma guerra de pequena escala entre os países que aconteceu entre 1963 e 1966. Teve inicio por oposição da criação da Federação da Malásia. O então presidente da Indonésia, Sukarno viu esse novo Estado como uma estratégia britânica, apoiada pelos Estados Unidos, para conter as ambições geopolíticas do seu país na região.
As Filipinas também se opuseram à formação da Malásia, devido às suas reivindicações sobre partes do território de Sabah, rompendo relações diplomáticas com a Malásia nesse período enquanto Sukarno lançou uma campanha chamada de “ Ganyang Malaysia” ou “esmagar a Malásia”, utilizando operações de propaganda militar e internacional.
A Malásia teve apoio militar direto da Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia. A Indonésia teve apoio indireto da URSS e da China, tornando-se assim um episódio da Guerra Fria na Ásia .
Criação da Malásia
Em 1957, a Grã-Bretanha concedeu a independência à Malásia. Na época, a ilha de Bornéu estava dividida entre as províncias indonésias de Kalimantan e as relativamente pequenas colônias britânicas de Sarawak, Brunei e Bornéu do Norte. Enquanto Penang e Malaca permaneceram sob posse britânica. Em 1963, a Grã-Bretanha estava se preparando para conceder independência a Cingapura, Sarawak e Bornéu do Norte. O primeiro-ministro malaio propôs que eles se juntassem à Malásia para se tornar a nação federada da Malásia. A Grã-Bretanha apoiou este movimento porque o governo malaio era pró-ocidente, enquanto o governo indonésio tinha ligações com o comunismo.
Indonésia
Em 1945, dois dias após a capitulação japonesa diante dos Aliados Ocidentais, os líderes nacionalistas Sukarno e Hatta proclamaram a independência do país. Sukarno, primeiro presidente do pais, procurou desenvolver uma política externa indonésia independente, focada na aquisição de territórios coloniais como a Nova Guiné Holandesa. Estabeleceu a Indonésia como uma potência internacional notável ao circular bem entre os dois blocos durante a Guerra Fria. Foi membro fundamental e cede do importante Movimento Não-Alinhado, a Conferência de Bandung de 1955. Para firmar o novo país, Sukarno inflou o nacionalismo
Causas
Os motivos de Sukarno para iniciar o Confronto são discutidos até hoje. O ex-ministro das Relações Exteriores da Indonésia Ide Anak Agung Gde Agung, argumentou anos depois que Sukarno inicialmente se silenciou sobre se opor à Federação até que conseguisse a posse da Nova Guiné Ocidental. Após a vitória diplomática da Indonésia nesse litígio, aí sim ele se encorajou para estender seus domínios a esses vizinhos tidos como mais fracos.
Há também o fator interno, ele pode ter se sentido compelido a esse movimento devido à instabilidade geral da política indonésia, e com isso, desviar a atenção para um novo conflito estrangeiro. No final da década de 1950, Sukarno argumentou que a Malásia era um estado fantoche britânico, um experimento neocolonial e que qualquer expansão da Malásia aumentaria o controle britânico sobre a região, com implicações para a segurança nacional da Indonésia.
Há quem diga também que ele pretendia unificar toda a Península formando a chamada Grande Indonésia, movimento nacionalista que alega que os povos dessa região pertecem ao mesmo grupo étnico e cultural separados por fronteiras artificiais.
Sukarno também via com entusiasmo a criação do “Maphilindo”, que era uma espécie de criação local de união dos povos malaios proposto por um antigo líder filipino, essa corrente alega que fronteiras artificiais separaram o mesmo povo, portanto, deveria unir politicamente, não necessariamente transformar em um único país, as populações de maioria malaia: Indonésia, Malásia e Filipinas.
Conflito
Em janeiro de 1963, o Dr. Subandrio, Ministro das Relações Exteriores da Indonésia, usou pela primeira vez publicamente o termo ‘Konfrontasi’ (confronto) para descrever a política de seu país em relação à Malásia. Foi uma descrição cuidadosamente elaborada que permitiu à Indonésia, que não queria um conflito em grande escala com a Grã-Bretanha, parar não declarar guerra.
Logo depois, a Indonésia começou a enviar insurgentes através da fronteira de Kalimantan para invadir cidades, delegacias de polícia e bases do exército no norte de Bornéu e Sarawak. As forças britânicas baseadas na Malásia foram imediatamente enviadas para Bornéu para proteger a fronteira de 1.450 quilômetros de extensão.
O conflito caracterizou-se por combates terrestres contidos e isolados, enquadrados em tácticas de baixo nível de provocação. A campanha de infiltrações da Indonésia em Bornéu procurou explorar a diversidade étnica e religiosa em Sabah e Sarawak com a intenção de interromper o estado proposto da Malásia, assim como apoiavam insurgentes ao regime do sultão no Brunei. O terreno na selva de Bornéu e a falta de estradas na fronteira Malásia-Indonésia forçaram as forças indonésias e da Commonwealth a realizar longas patrulhas a pé, os lados contavam com operações de infantaria leve e transporte aéreo.
O conflito girava em torno de saber se as ex-colônias britânicas de Sabah e Sarawak, que faziam fronteira com as províncias indonésias de Bornéu, se tornariam parte da Indonésia ou da recém-federada Malásia.
Enquanto isso, a Indonésia tentou abrir uma segunda frente lançando ataques de comando na península da Malásia a partir de meados de 1964. Comandos indonésios lançaram ataques anfíbios nas áreas costeiras de Johor e Cingapura em 17 de agosto daquele ano, também realizaram ataques de subversão e sabotagem.
Em março de 1966, Sukarno foi deposto pelo general Suharto em um golpe militar. O novo presidente percebeu que a Indonésia não venceria o Confronto. Também estava custando à economia indonésia aleijada mais do que ela podia pagar. Em 11 de agosto de 1966, Suharto assinou um tratado de paz com a Malásia em Bangkok. O número de mortos foi de 590 indonésios e 114 soldados da Commonwealth
O fim do Konfrontasi levou à formação da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em 1967. A ASEAN provou ser útil na conciliação das relações entre três de seus cinco membros pioneiros, a saber, Malásia, Indonésia e Filipinas. Bem como (re)definiu muito das fronteiras e da política externa dos cinco países da região.
Conclusão
Podem-se destacar três fatores para explicar esse curto e breve conflito: ameaça, ideologia e política interna. Sob a perspectiva da ameaça, claramente a Indonésia viu o surgimento da Federação uma ameaça À sua segurança interna, então o conflito surgiu como frequentemente no sistema internacional acontece quando vizinhos rivalizam.
O argumento da “ideologia” afirma que o Confronto foi impulsionado pela ideologia da Revolução Indonésia e o papel que o país assumiu para si em ser líder dos “não-alinhados” contra as “velhas forças colonialismo e do imperialismo”.
E por fim, causas internas. Considerando o contexto macro do período de dezenas de golpes militares na periferia do sistema, analisar o conflito sob o viés do “bode expiatório” como um tentativa do Sukarno de dar coesão interna e conter desuniões, principalmente no setor militar em torno de uma causa nacional faz todo sentido. Fato é que o confronto não poderia ter sido racionalizado sem recorrer a esses princípios históricos, ideológicos e externos.
Referências
https://eresources.nlb.gov.sg/history/events/126b6b07-f796-4b4c-b658-938001e3213e
https://www.nma.gov.au/defining-moments/resources/indonesian-confrontation
https://thediplomat.com/2021/09/how-konfrontasi-reshaped-southeast-asian-regional-politics/
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