O acordo EUA-Talibã
Segundo a Reuters, após uma rodada de negociações em Doha, no Qatar, representantes do Talibã e autoridades dos EUA finalizaram uma proposta de acordo que colocaria fim à guerra do Afeganistão que já dura 17 anos.
Segundo a agência, uma das exigências americanas seria a garantia de que o Estado Islâmico e a Al-Qaeda não usariam o país como base, enquanto o Talibã impõe que tropas estrangeiras deixem o país em 18 meses.
Embora a maioria das tropas dos EUA tenha sido retirada do Afeganistão até o final de 2014, Washington continua apoiando as forças armadas afegãs no combate ao terrorismo.
O Talibã, grupo insurgente islâmico, tomou o poder no Afeganistão em 1996, e entraram no olho do furacão após abrigar a Al-Qaeda. Argumentando que o país se tornou um refúgio seguro para os ataques terroristas promovidos pela Al-Qaeda, os EUA invadiram o Afeganistão.
Aparentemente, apenas agora, 17 anos depois, que a nação norte-americana se deu conta que o Talibã é um inimigo equivocado, pois não planejou nem executou os ataques de 2001, “apenas” se negou a extraditar seus autores.
Vale lembrar que, Talibã e Al-Qaeda combateram juntos os soviéticos e ambos eram tidos como “lutadores pela liberdade” para o governo americano. Com o rompimento das relações, o Talibã teve que tomar uma decisão.
O governo Trump, ao contrário da gestão Obama que visava fortalecer a democracia na região, planeja retirar as tropas americanas de solo estrangeiro, gasto esse que chega a trilhões ao longo dos anos.
O problema é que o Talibã apoia a lei da Sharia e não vê com bons olhos os valores ocidentais da democracia, liberdade de expressão e igualdades de gênero, por exemplo. E não há estabilidade necessária para que esses valores cresçam. Causando rumores que o grupo tomaria o poder novamente e castigaria o povo afegão que defendeu essas bandeiras tidas como ocidentais.
Essa parcela da população alega que uma retirada americana fará com que países alinhados ao grupo os financie em benefício próprio, e que a negociação deveria envolver também eventuais sucessos que tenham sido feitos nas áreas de desenvolvimento, direitos humanos e educação das mulheres. Cabe aos EUA equilibrarem essa balança no jogo de poder do futuro do país, algo que não será fácil nem rápido, caso queiram sair com um acordo considerado benéfico para a comunidade internacional e que faça as duas partes cederem um pouco.