Asean News 36 – E a repercussão dos atentados na França
#ASEAN
1 – O QUAD e a ASEAN. O Diálogo Quadrilateral de Segurança (Quad) ainda é somente um fórum informal com algumas cúpulas que reúne EUA, Índia, Austrália e Japão. Iniciado em 2017, depois da retirada dos EUA da Parceria Transpacífica por parte do governo Trump, o grupo foi formado basicamente para conter o expansionismo chinês, já em seu primeiro diálogo houve conjuntamente exercícios militares entre as nações.
Agora, o grupo tenta persuadir a ASEAN a entrar no grupo, acontece que não há muito para oferecer. A postura anti-China do grupo impede os países da ASEAN de estenderem formalmente seu apoio, o bloco se orgulha de ser um grupo neutro.
2 – No mês passado, a ASEAN reiterou seu apoio a todos os esforços internacionais para a não proliferação e desarmamento de armas de destruição em massa. A Zona Livre de Armas Nucleares do Sudeste Asiático foi assinada em 1971 pelos cinco membros originais da ASEAN. No entanto, o tratado não levou a nenhum passo sério no sentido de estabelecer tal zona até meados da década de 1980, após uma década de negociações e esforços de redação o acordo foi assinado por todos os 10 estados membros da ASEAN em 1995.
De acordo com ele “todos os signatários são obrigados a não desenvolver, fabricar ou de outra forma adquirir, possuir ou ter controle sobre armas nucleares; estação de armas nucleares; ou testar ou usar armas nucleares em qualquer lugar dentro ou fora da zona do tratado.” Além disso, o tratado inclui protocolos que visam garantir o cumprimento de todos os Estados membros. Por exemplo, “o tratado concede a cada Estado Parte o direito de solicitar esclarecimentos a outro Estado Parte ou uma missão de investigação para resolver uma situação ambígua ou que possa dar origem a dúvidas sobre o cumprimento”.
É possível que a ASEAN perca sua neutralidade se as tensões entre a China, a Rússia e os Estados Unidos continuarem a se manifestar na região. A rivalidade crescente entre essas grandes potências levará a um declínio significativo na segurança geral dos Estados membros da ASEAN. Em um ambiente onde seus membros temem um ataque militar de países que não são do bloco, a possibilidade de recorrer à tecnologia de armas nucleares não pode ser descartada.
#Camboja
1 – Os Estados Unidos colocaram na lista negra uma empresa chinesa que está construindo o resort Dara Sakor, no Camboja, por supostas acusações de corrupção. Segundo o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA, a empresa “expulsou os cambojanos de suas terras e devastou o meio ambiente, prejudicando a subsistência das comunidades locais, tudo sob o pretexto de converter o Camboja em um centro de logística regional e destino turístico.”
Washington impôs sanções à empresa chinesa de acordo com a Lei Magnitsky Global. A lei autoriza o governo dos Estados Unidos a visar violadores dos direitos humanos em todo o mundo, congelando seus fundos e proibindo as empresas de fazer negócios com eles.
O problema verdadeiro é que a empresa estaria por trás da construção de uma base militar chinesa onde estava uma base militar americana. A repressão destaca uma nova fase nos esforços de Washington para pressionar as empresas que ajudam Pequim a expandir suas operações militares no sudeste da Ásia e em todo o mundo.
Os governos negam a base militar, mas se isso se concretizar é um problema grave para a região. Além de ser a primeira base chinesa, afetaria uma premissa básica da ASEAN: a neutralidade.
2 – País lança um sistema de pagamento blockchain, batizado de “Bakong”, o esquema permite transações em dólares americanos ou em Riel cambojano. Embora seja cobrado como moeda digital o site da Bakong refere-se a ele como sistema de pagamento.
O governo e o banco central do Camboja estão falando de Bakong como o tipo de coisa que uma nação em rápida modernização à beira da quarta revolução industrial deveria fazer, ao mesmo tempo em que apontam que as transações sem dinheiro são uma ótima ideia em meio a uma pandemia viral.
#Cingapura
1 – Um ex-diplomata de Cingapura desencadeou uma tempestade diplomática ao sugerir que a Asean expulsasse o Camboja e o Laos por ferir o princípio de neutralidade do bloco ao aceitar bases chinesas em seus territórios. Ele também disse que Camboja e Laos “devem se preocupar” com o controle do rio Mekong, onde a China foi acusada de causar secas com barragens rio acima porque era uma “questão existencial”.
“A verdadeira neutralidade significa conhecer seus próprios interesses, tomar posições com base em seus próprios interesses e não permitir que outros definam seus interesses por você por padrão”, disse Bilahari. Camboja e Laos são vistos por muitos analistas como sendo mais dependentes da China do que outras nações da Asean, devido à sua relativa fraqueza econômica.
2 – Visitantes da China continental podem entrar em Cingapura sem ter que entrar em quarentena a partir de 6 de novembro, a cidade-estado anunciou nesta quinta-feira, em uma medida que visa aumentar o turismo. A China foi o principal país de origem para viajantes internacionais em Cingapura em 2019, de acordo com o conselho de turismo, a China foi responsável por 3,6 milhões dos 19,1 milhões de visitantes estrangeiros totais nesse ano. Os visitantes chineses gastaram cerca de S $ 3,2 bilhões (US $ 2,36 milhões) nos primeiros três trimestres de 2019.
#Filipinas
1 – O tufão Molave atingiu as Filipinas causando uma enchente que obrigou milhares de pessoas a deixarem suas casas, centenas estão desaparecidos, foi o 17º tufão a atingir o país somente esse ano. Cerca de 20 tempestades tropicais e tufões atingem as Filipinas a cada ano, em 2012, mais de 1.000 pessoas morreram quando o tufão Bopha varreu o leste de Mindanao, levando rajadas de vento de até 200 km / h. Isso ajuda a explicar por que o sudeste asiático sempre figura entre as regiões que menos duvidam do aquecimento global.
2 – País expulsará milhares de cidadãos chineses em meio a escândalo de imigração, sob pressão interna e externa, chefe da imigração disse que quase 2.800 chineses ultrapassaram o prazo de validade dos vistos e agora estão sendo obrigados a partir
Segundo apurações, funcionários da imigração corruptos aceitaram subornos estimados em US $ 826 milhões de chineses para entrar nas Filipinas, ao todo são 44 funcionários formalmente acusados.
#Indonesia
1 – O grupo indonésio Nahdlatul Ulama (NU), a maior organização muçulmana do mundo, pediu calma alegando que o ato foi selvagem e tem potencial para gerar uma crise sem precedentes enquanto criticou o que chamou de “secularismo extremo” da França.
A NU é um grupo de caridade que financia escolas e hospitais, bem como organiza comunidades para ajudar a aliviar a pobreza, estimativas colocam o grupo com 90 milhões de membros.
O Ministério das Relações Exteriores da Indonésia convocou o embaixador francês em Jacarta para expressar sua preocupação com a situação na França.
Muhammadiyah, a segunda maior organização muçulmana da Indonésia, classificou os comentários de Macron de “imprudentes”, dizendo que eles exibiam “intolerância” em relação ao Islã. O islã indonésio é chamado no ocidente de um movimento progressista , liberal e pluralista , mas que também conta com uma ala conservadoras.
#Laos
1 – Uma nova zona econômica apoiada pela China no Laos está progredindo apesar da falta de transparência e da oposição local significativa. Os desenvolvedores da Nova Zona de Desenvolvimento de Vang Vieng concluíram os estudos de impacto ambiental e viabilidade e agora estão propondo o projeto ao governo para aprovação final, o valor total será de US$ 5,3 bilhões.
Outro fator preocupante é a dívida pública do país que já passa os 70% do PIB, além claro, do ambiental e a impopularidade entre os nativos. Um projeto anterior teve que ser interrompido depois que moradores locais começaram a ameaçar e ofender os técnicos chineses que estavam estudando a região.
A dívida pública torna o Laos cada vez mais vulnerável à pressão de empresas e governos estrangeiros. A maioria do investimento estrangeiro direto vem da China, onde os credores estão discutindo um movimento para atrasar uma parte dos pagamentos da dívida do Laos.
#Malasia
1 – O rei da Malásia rejeitou no domingo a proposta do primeiro-ministro de declarar estado de emergência e suspender o parlamento para combater o coronavírus, depois que o plano gerou uma reação enorme. Muhyiddin Yassin assumiu o governo sem votação, foi eleito internamente após a coalizão anterior se desmanchar e vê o risco de acontecer o mesmo com sua própria base.
O líder da oposição Anwar Ibrahim, que recentemente lançou uma tentativa de tomada do poder, acusou o líder de “recorrer a meios não democráticos para se manter no poder” e alertou que o país poderia cair “na ditadura e no autoritarismo”
Apesar de rejeitar seu pedido, o rei elogiou a forma como o governo lidou com o surto e pediu aos legisladores que “parem de politicagens que possam desestabilizar o país”
2 – Em meio a um novo atentado na França, ex-Primeiro Ministro malaio, Mahathir Mohamad, a lá Duterte solta um absurdo desses:
Mensagem essa que já foi banida pelo twitter, e ainda que possa ser analisada como tentativa de recuperar prestígio entre seus eleitores e tudo mais, há de ser totalmente abominada. Cerca de 60% dos 31 milhões de pessoas do país são muçulmanos.
#Mianmar
1 – A tão esperada transferência de um submarino da classe Kilo de fabricação russa da Índia para Mianmar ocorreu na semana passada durante o exercício da frota Bandoola em Mianmar. O submarino UMS Min Ye Thein Kha Thu, um barco a diesel com décadas de idade, é apenas um único navio, mas tem significado na vizinhança imediata de Mianmar e também indica a crescente competição estratégica no Indo-Pacífico.
A obtenção do submarino é a realização de um sonho antigo da marinha de Mianmar. Alguns relatórios indicam que Mianmar estava em negociações para a aquisição de submarinos do regime norte-coreano antes de 2002. A tensão se dá devido ao fato da China ser o maior vendedor de armas para Mianmar.
#Tailandia
1 – Após não surtir muito efeito, primeiro-ministro suspende decreto de emergência, o temor é que ele tenha efeito contrário.
2 – Em sessão parlamentar especial, primeiro-ministro Prayut Chan-o-cha disse que a Tailândia precisa controlar os “protestos ilegais”. Alguns no movimento liderado por jovens sem liderança estão exigindo polêmica reforma real – incluindo a abolição da lei de lese majeste, uma contabilidade clara das finanças do palácio e que o rei atual, Maha Vajiralongkorn, permaneça fora da política.
Os manifestantes tocaram em um assunto que é um verdadeiro tabu no país, mesmo em situações de caos político e social. Nesse mesmo dia, manifestantes protestaram em frente a Embaixada da Alemanha no país para deixar bem claro que o movimento foi contra o atual rei.
#Vietna
1 – O primeiro-ministro negou insinuações dos EUA de que o Vietnã está buscando vantagens injustas no comércio internacional. Defendeu a política cambial voltada para exportações e disse que Trump deveria “fazer avaliações mais objetivas sobre o Vietnã”, ou seja, educadamente mandou estudar seu país.
Em 2 de outubro, o governo dos Estados Unidos anunciou que estava abrindo uma investigação para saber se o Vietnã estava suprimindo propositalmente o valor do dong. Este ano, o Vietnã teve o quarto maior superávit comercial com os EUA, seu maior mercado de exportação, depois da China, México e Suíça.
2 – Após o Ministro chinês, é a vez de Mike Pompeo fazer um tour pela cobiçada região do sudeste asiático. No Vietnã Pompeo disse “Esperamos continuar a trabalhar juntos para construir nosso relacionamento e tornar a região – no sudeste da Ásia, Ásia e Indo-Pacífico – segura, pacífica e próspera”, o primeiro-ministro vietnamita Phuc respondeu que espera uma cooperação sincera.
Pompeo está visitando o Vietnã com o pretexto de participar de uma cerimônia para comemorar o 25º aniversário das relações diplomáticas entre os países. Os Estados Unidos e o Vietnã normalizaram as relações em 1995, cerca de 20 anos após o fim da Guerra do Vietnã.
O Vietnã é o país mais anti-China da Asean e por isso é fortemente cortejado por EUA e Japão. O sonho deles é conseguir colocar o Vietnã no QUAD, grupo composto por EUA, Japão, Austrália e Índia que tenta conter a China.
3 – Tufão Molave atinge o centro do Vietnã, o tufão vem em meio a uma dura temporada de tempestades que danificou ou destruiu mais de 310.000 casas, enquanto o governo se prepara para evacuar 1,3 milhão de pessoas.
DICA DA SEMANA:
Filme na netflix: Os 7 de Chicago