A guerra do Peloponeso da Grécia Antiga e os EUA de hoje.

A Guerra do Peloponeso foi um conflito militar entre as cidades-estado de Atenas e Esparta. Ocorreu entre os anos de 431 a.C. e 404 a.C. Esta guerra foi relatada,detalhadamente, por dois historiadores da Grécia Antiga, Xenofonte e Tucídides.

A contribuição excepcional de Tucídides para a compreensão das dinâmicas interestaduais e sua observação sobre as circunstâncias das crises que levariam à Guerra do Peloponeso implicou na descoberta de padrões específicos no estudo de conflitos das Relações Internacionais modernas.

A ideia central consiste em afirmar que o sistema internacional é caracterizado pela luta permanente pelo poder, e este sistema caracterizado pela ausência de uma instância superior mundial é anárquico, fazendo com que cada Estado dependa única e exclusivamente de si mesmo para sobreviver.

Porém, o uso excessivo do poder de um Estado pode criar um problema de insegurança a terceiros, a estabilidade do todo está diretamente relacionada com o equilíbrio do sistema, o conceito chamado “dilema de segurança”.

Na reflexão sobre as causas da guerra entre os gregos e espartanos,Tucídides considera que esse rompimento da balança de poder que gerou a crise. Em tese geral a mera percepção ou convicção desse rompimento pode ser suficiente para desencadear uma reação, que foi o que levou Esparta a declarar guerra a Atenas.

Ou seja, apenas a forte probabilidade de a balança de poder desequilibrar-se a favor de Atenas e o medo de desvantagem em relação ao crescimento do poder ateniense que levou Esparta a agir e a atacar.

O sistema estatal anárquico que gera um clima de guerra de todos contra todos deriva da natureza humana, conforme a lógica de Thomas Hobbes. O homem tende a ser egoísta e violento, e o Estado reflete o comportamento dos indivíduos. A partir dessa premissa filosófica e da interpretação da história, apolítica subordina o campo da ética.

A paz é vista como uma situação temporária que termina quando alianças se esfacelam, o poder dissuasório de um Estado deixa de ser suficiente para inibir uma agressão de outro Estado e quando a diplomacia torna‑se insuficiente para realizar interesses de grandes potências.

A tática de desestabilização de rivais como freio à sua superioridade é utilizada desde “A Arte da Guerra” de Sun Tzu de 400 A.C e vem sendo implementada pelos EUA desde pós Segunda Guerra mundial quando a Europa estava em chamas e a nação norte americana passou a ter o status de superpotência.

Nodas dias atuais, da Guerra Fria pra cá, em que o medo da imprevisibilidade de uma guerra nuclear supera o desejo de guerrear, os EUA estão buscando novas ferramentas para desestabilizar economias emergentes ameaçadoras à sua hegemonia.

O conflito da vez é a guerra comercial, especialmente com a China. O mercado mundial está preocupado e o sistema financeiro de todo o globo é afetado pelas incertezas que estão por vir com o crescente aumento de tarifas comerciais de todo lado.

No fim de novembro um enviado do governo chinês alegou que “as lições da história ainda estão lá. No último século, tivemos 2 guerras mundiais e, entre elas, a Grande Depressão [a quebrada Bolsa de Nova York em 1929]”, explicou o embaixador. “Eu não achoque alguém deveria realmente tentar ter uma repetição da história. Essas coisas nunca devem acontecer de novo, então as pessoas têm que agir de maneira responsável”.

Outro indício de que a coisa pode sair de controle foi a recente prisão no Canadá da vice presidente da empresa chinesa “Huawei”, que foi imediatamente respondida com duas prisões de canadenses em solo chinês, que segundo o governo chinês, foi por motivo de “ameaça à segurança nacional”.

A expectativa entre economistas é de que o PIB da China vá superar o dos EUA entre 2030 ou 2050. E por isso, há esse clima de tensão no ar, seguindo os conceitos da “guerra de Peloponeso”, os EUA não aceitarão perder o posto sem tentar algo mais ousado.