Corrida pela África
Sudão propõe que empresas russas ajudem a construir as ferrovias “transafricanas” Leste-Oeste e Norte-Sul,podendo alterar a geopolítica africana. Se Moscou conseguir alavancar sua posição estratégica possivelmente irá “equilibrar” os blocos de países emergentes atuando no continente.
O país africano, que possui ligação continental-marítima conta com ambiciosos megaprojetos. Acabou de propor durante uma comissão intergovernamental com a Rússia para a construção de ferrovias que percorrerão a capital senegalesa de Dakar, no Oceano Atlântico, até a cidade costeira de Port Sudan, no Mar Vermelho, projeto batizado de “Rota da Seda Africana”.
Especula-se que há estudos também para cobrir do Sudão à Etiópia e depois através da Comunidade da África Oriental (Quênia e Tanzânia) até Moçambique e/ou Zâmbia-Zimbábue e finalmente Cidade sul-africana da Cidade do Cabo, a última é especificamente mencionada como o ponto terminal deste megaprojeto nas atas dessa comissão intergovernamental
O possível envolvimento da Rússia na construção desses projetos cimentaria sua influência no nexo marítimo continental, o que poderia ser alavancado para promover a estratégia grandiosa do século XXI de Moscou de se tornar o “equilíbrio” na Afro-Eurásia. Para que isso aconteça, no entanto, a Rússia precisaria administrar habilmente os conflitos de interesses que estão acontecendo da moderna “Corrida pela África” através de uma combinação de sutileza diplomática, serviços de segurança (mercenários) e sua perícia crucial na construção de corredores ferroviários em terrenos difíceis, que lhe permitiriam desempenhar um papel mutuamente benéfico para todos.
A partir de sua base estratégica no Sudão, a Rússia poderia indiretamente exercer influência ao longo das ferrovias. O Sudão está se moldando para ser indispensável não apenas para a China, mas também para a geopolítica africana do século XXI como um todo, seguindo as rápidas mudanças de paradigma da emergente Ordem Mundial Multipolar que a Rússia está atuando ativamente.