A importância geopolítica da Venezuela
Apesar das fortes sanções, os EUA são os principais clientes da Venezuela, enquanto a Venezuela é o terceiro maior fornecedor de importações de petróleo bruto para os norte-americanos. Os EUA compram 41% do total das exportações da República Bolivariana.
Dada essa irônica dinâmica entre os dois inimigos geopolíticos e ideológicos, pode-se esperar que os EUA também tenham acesso aos recursos das maiores reservas de petróleo do mundo no cinturão do Orinoco.
No entanto, a verdade é que o controle sobre o petróleo da Venezuela é, de fato, uma das motivações por trás desse conflito, embora não da maneira como está sendo retratado.
Além de garantir o controle geopolítico completo sobre a Bacia do Caribe e confrontar ideologicamente o socialismo, os EUA querem obter influência predominante sobre a Venezuela para incorporá-la a uma estrutura semelhante à da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para desafiar o acordo conjunto russo-saudita da OPEP (link abaixo).
Formaria o “Norte-Americano e Sul-Americano de Exportadores de Petróleo” (NASAPEC). Essa entidade funcionaria como componente de energia da “Fortress America’s” e teria o potencial de exercer uma forte pressão de longo prazo sobre o mercado internacional de petróleo às custas da Rússia e da Arábia Saudita.
Quando combinado com os planos conjuntos de investimentos em GNL dos EUA e do Catar, fica claro que os EUA estão fazendo um jogo de poder global pelo controle da indústria de energia do mundo, o que poderia afetar adversamente a Rússia.
A Rússia depende de suas exportações de energia para promover seus interesses financeiros e geopolíticos, embora isso possa ser mais difícil de fazer apesar de suas parcerias de petróleo e gás com a Arábia Saudita e o Irã.
O risco potencial é que a Rússia possa perder muito dinheiro a longo prazo se os EUA puderem manipular os baixos preços do petróleo e do gás, e que pode ser combinado com o aumento dos custos associados à “Nova Corrida Armamentista” causada pela bolsa de Washington com a retirada do Tratado INF(Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, que os EUA saíram esse ano) para impor uma pressão imensa sobre Moscou para “comprometer-se” com seu principal rival geopolítico.
A aprovação do governo Putin depende diretamente em suas promessas de campanha sobre a economia russa, e ela está diretamente ligada a instabilidade do setor de energia, explicando assim por que a Rússia está tão ansiosa para “mediar” entre o governo e a “oposição”.
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