Cosmopolitismo
O “Cosmopolitismo” é um ato expansivo da imaginação moral. Vê os seres humanos moldando suas vidas dentro de associações: uma família, um bairro, uma etnia, espiralando para abranger toda a humanidade. Nos pede para sermos muitas coisas, porque somos muitas coisas. E se seus críticos raramente foram mais clamorosos, o credo nunca foi tão necessário. A tarefa cosmopolita, na verdade, é ser capaz de se concentrar em ambos, o longe e o perto.
O Cosmopolitismo nasceu no século IV AC como um ato de desafio, quando Diógenes, afirmou pela primeira vez que era um “Kosmopolitês”. A palavra, que parece ser um neologismo próprio, se traduz mais ou menos como “cidadão do mundo”. Diógenes gostava de desafiar o senso comum de seus dias, e essa palavra deveria conter um paradoxo: um politês era um cidadão adulto livre de uma pólis, uma das cidades gregas autônomas do sudeste da Europa e da Ásia Menor, e o Kosmos era todo o universo.
Marco Aurélio, o imperador romano do século II escreveu que, como ser humano, sua cidade e pátria eram o universo. Para ele, as pessoas eram obrigadas a cuidar de toda a comunidade, a agir com responsabilidade em relação ao bem estar de todos os seus companheiros. cidadãos do mundo. Esse tem sido o pensamento central da tradição cosmopolita por mais de dois milênios.
Com o chamado “Nacionalismo Romântico” do século XVIII o pensamento voltou com força, um reconhecimento e celebração do fato de que os cidadãos do mundo, em seus diferentes lugares, com suas diferentes línguas, culturas e tradições, não merecem apenas preocupação moral, mas também interesse e curiosidade. As interações com os estrangeiros, justamente por serem diferentes, podem nos abrir para novas possibilidades.
Esta formulação paradoxal passou a ter um apelo extraordinário em todo o planeta. O populismo conservador pode estar em ascensão no mundo, mas em um estudo de 2016 conduzido pela BBC, quase três quartos dos chineses e nigerianos e mais da metade dos brasileiros e americanos entrevistados, disseram que se consideram “mais como um cidadão global” do que um cidadão do seu próprio país.
No entanto, a pesquisa da BBC dá a entender que o local e o global competem entre si. A cidadania é um tipo de identidade, sua atração, como a de todas as identidades, varia com o contexto e a questão. Durante as eleições para prefeito, é mais importante que eu pense na minha cidade; nas eleições para o senado, a cidade, o estado e o país são todos importantes para mim. Nas eleições presidenciais, também me vejo pensando tanto como cidadão do meu país quanto como cidadão do mundo. Os grandes problemas mundiais não respeitam fronteiras.
Não há motivo para um patriota não se sentir forte em alguns momentos sobre o destino da Terra, assim como ele pode se sentir forte sobre as perspectivas de sua cidade da mesma maneira. Gerenciar várias cidadanias é algo que todo mundo faz naturalmente. Se as pessoas podem abrigar alianças a uma cidade e a um país, cujos interesses podem divergir, por que seria contraditório falar de uma aliança com o resto do mundo?
Ao respeitar os direitos dos outros de serem diferentes de si mesmos, os cosmopolitas estendem esse direito aos não-cosmopolitas, o pensamento que todo ser humano importa não é opcional. O Cosmopolitismo está também comprometido com a ideia de que os indivíduos e as sociedades têm o direito de estabelecer para si muitas questões sobre o que vale a pena e muitas características de seus arranjos sociais.
Existem quase 1,4 bilhão de chineses e, no entanto, sua identificação chinesa é uma força real em suas vidas. O estado-nação moderno sempre foi uma comunidade grande demais para todos se encontrarem face a face, ele se mantém unido não por companheirismo literal, mas por identificação imaginativa. Os Cosmopolitas estendem sua imaginação apenas um pequeno passo adiante e, ao fazê-lo, não precisam imaginar suas raízes.
Falar em cidadania global não é se opor à cidadania local, aqueles que negam a importância de outros lugares se retiraram do mundo, um lugar onde os maiores desafios e ameaças devem ser enfrentados por uma comunidade de nações, com um genuíno senso de obrigação que transcende as fronteiras.
De acordo com a ONU, havia quase 260 milhões de migrantes internacionais em 2017, muitos fugindo da guerra e da opressão na África, no Oriente Médio e na Ásia. Demagogos populistas em todo o mundo exploram a agitação do descontentamento econômico para criar uma falsa sensação de perigo e assim aumentar seus próprios poderes.
Um Cosmopolitismo bem sucedido deve manter seus olhos em assuntos próximos e distantes, promovendo sistemas políticos que também trabalham para o local e para o distante, pois o que se faz no local, reflete no distante, e o que acontece no distante, reflete no local.