ASEAN #6 – O Escândalo do 1MDB

A 1Malaysia Development Berhad (1MDB) é uma empresa de desenvolvimento estratégico da Malásia de propriedade do Ministro das Finanças. A empresa, que surgiu com outro nome, foi criada para buscar iniciativas estratégicas para o desenvolvimento do país através de parcerias globais e investimento estrangeiro direto.

A empresa surgiu em 2008 como um fundo destinado ao desenvolvimento econômico do estado de Terengganu. Ao longo de 2009 foi recebendo investimento e mudou o nome para o atual, em julho de 2009, o recém-empossado primeiro-ministro, Najib Razak, alegou que o projeto deveria virar federal para abarcar uma maior quantidade de malaios.

Najib Razak é a figura central do esquema, filho de um ex-primeiro-ministro e líder do partido que dominava a cena política desde sua independência em 1957, ganhou notoriedade mundial ao defender uma maior abertura e um “islamismo moderado”.

Quando ainda era Ministro da Defesa esteve envolvido em denúncias de corrupção diversas vezes, entre elas, propina na compra de caças russos. A interprete do acordo foi assassinada logo depois.

Um ano após tornar o fundo federal, os EUA começaram a investigar a empresa, a então procuradora-geral dos EUA disse que “Funcionários corruptos trataram o fundo público como uma conta bancária pessoal”. E o Wall Street Journal , mencionou que a organização 1MDB havia sido usada para roubar fundos do Estado para transferência para as contas do ex-primeiro-ministro Najib Razak e pessoas associadas a ele.

O desatar do escândalo só foi possível graças ao trabalho jornalístico investigativo que virou até livro, o chamado Billion Dollar Whale, que detalhou meticulosamente o esquema. Desde maio de 2019 os EUA começaram a devolver ao país partes do dinheiro desviado, as investigações estimaram um total de U$ 4,5 bilhões desviados no total. A Malásia também acusou o Goldman Sachs de enganar investidores sobre vendas de títulos no total de US $ 6,5 bilhões.

O dinheiro foi gasto com obras de arte, imóveis de luxo, joias e até para financiar o filme Lobo de Wall Street com Leonardo DiCaprio, ironicamente, um filme que fala de excessos financeiros. O ator ganhou de presente um Oscar que foi de Marlon Brando, comprado pelo mesmo investidor malaio que investiu no filme, DiCaprio o devolveu assim que o escândalo começou a se desenrolar, junto com uma obra do Picasso e outros mimos.

 

Najib Razak foi inicialmente inocentado pelas autoridades malaias de todas as irregularidades cometidas enquanto estava no cargo, mas depois da derrota chocante e inédita de seu partido que nunca tinha perdido sequer uma vez, a maré mudou drasticamente.

Vários de seus apartamentos foram alvos de buscas e a polícia apreendeu uma grande quantidade de bens de luxo, além de US$ 28,6 milhões em dinheiro. Atualmente, há 42 acusações e cinco julgamentos contra ele pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e abuso de poder. Ele se declarou inocente de tudo.