Fronteira Paquistão/Afeganistão

 

A fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão foi traçada em 1893 pelos britânicos para fixar uma segunda linha de contenção contra os russos, com os quais dividiram a região. Por isso os afegãos nunca a aceitaram e protestam contra as tentativas paquistanesas de consolidá-la com estruturas fixas.

Essa delimitação, conhecida como Linha Durand, em alusão ao então chanceler britânico, partiu ao meio as terras ancestrais de pashtuns e baluchis, tornando impossível a vedação dos seus 2.640 quilômetros.

O Paquistão começou a construir em 2017 um muro ao longo de sua fronteira com o Afeganistão com o objetivo de evitar a entrada de terroristas, acontece que essa decisão acirra a tensão entre ambos países.

O governo paquistanês alegou que os últimos ataques terroristas que o país sofreu, vieram de terroristas que cruzaram a fronteira e que Cabul permite grupos insurgentes que operam em solo paquistanês.

O Paquistão possui também, motivos históricos para se precaver. Quando as forças soviéticas deixaram o Afeganistão em 1989, a guerra civil do Afeganistão também causou estragos no Paquistão. Na época, a fronteira era livre e essa falta de barreiras causou muitos estragos na nação paquistanesa

O Afeganistão, por sua vez, diz que um muro ameaça dificultar o cotidiano das comunidades que tradicionalmente não dão muita atenção às fronteiras. Já que há vilarejos que têm mesquitas e casas com uma porta no Paquistão, e a outra, no Afeganistão.

A crise é mais grave pois se trava de um entrave territorial, já que o governo de Cabul alega não reconhece o posicionamento da fronteira, e diz que “o Reino unido a impôs no século 19” quando o Paquistão ainda pertencia a Índia.

Para especialistas, o muro não surtirá muito efeito já que é impossível colocá-lo por inteiro na montanhosa região de fronteira, e a questão das tribos na região que vivem juntas por séculos deve ser estudada para que não gere atritos mais graves.

Em suma, o muro pode ser mais negativo do que positivo, já que não resolve verdadeiramente o problema de terrorismo e tráfico de drogas devido ao terreno de difícil acesso nas montanhas e o mais importante, seu impacto negativo prejudicou o relacionamento bilateral dos dois países, algo muito importante em dias de tentativa de paz e de acordos com grupos insurgentes.