Asean News 37 – Votação orçamentária e a crise política na Malásia

#ASEAN

1 – Relatório do Center for Strategic and International Studies (CSIS) sobre o governo Biden na ASEAN

“Na maioria das questões, a região geralmente se enquadra em três campos. O Vietnã e as Filipinas suspeitam da China, Indonésia e Cingapura são idiossincráticos e o resto está aberto a conversas, com exceção do Camboja, que aceita a hegemonia chinesa”.

 

 

 

#Camboja

1 – Oito legisladores dos EUA escreveram ao secretário de Estado Mike Pompeo nesta semana para pedir ao governo Trump que imponha sanções direcionadas contra altos funcionários cambojanos e analise a revogação dos privilégios comerciais do país.

Com as relações EUA-Camboja se deteriorando mais uma vez nos últimos meses, após tentativas de reaproximação no ano passado, e Washington quase no auge com os rumores de que tropas chinesas poderiam um dia ser estacionadas no país, esta carta levanta temores de que possa ser a última abertura diplomática dos americanos antes que ocorram represálias mais sérias.

A medida tenta uma cartada final aproveitando do cenário pandêmico em que o país deve ter um crescimento negativo de 4%. Fontes de Pompeo e do Pentágono levantaram preocupações sobre a conexão entre a destruição de instalações construídas pelos EUA e as tropas chinesas em outubro, o que não impediu as autoridades cambojanas de demolir uma segunda instalação na semana passada.

 

 

 

#Cingapura

1 – Cruzeiro para lugar nenhum: Cingapura retoma viagens de navio que levam dias, mas que não saem das redondezas.

2 – Como medida para prevenir novos surtos, a cidade-estado está obrigando seus moradores a usarem aplicativos que rastreiam todos os contatos para facilitar o isolamento de infectados ou suspeitos, a medida causa polêmica. No momento a região está na fase dois, algumas restrições e escolas abertas normalmente.

Curiosidade: Quem fura quarentena nas Filipinas pode ir preso e na Indonésia tem que fazer serviços comunitários

 

 

 

#Filipinas

1 – Filipinas terá o pior desempenho econômico do sudeste asiático. Já se recuperando de um dos piores surtos de Covid-19 na Ásia, as Filipinas foram atingidas por várias tempestades nas últimas semanas, deslocando mais de 300.000 residentes e ceifando a vida de 69 pessoas.

A Autoridade Nacional de Economia e Desenvolvimento das Filipinas (NEDA) estimou perdas US $ 1,8 bilhão à medida que cinco tufões – Ulysses, Rolly, Quinta, Tonyo e Siony – devastaram as regiões mais industrializadas do país. O governo estima uma redução de 0,15% do PIB.

 

 

 

#Indonesia

1 – No início dos anos 1990, a amplamente respeitada Monash University de Melbourne tentou abrir um campus na capital da Indonésia, mas movimentos nacionalistas foram contrários. A universidade foi para a Malásia e hoje abriga mais de 1.500 alunos indonésios no país vizinho. Após alterações no plano de ensino no país, finalmente a empresa foi liberada para se instalar no país. A UNESCO estima que atualmente exista 45.200 indonésios estudando no exterior, cerca da metade deles na Austrália e o restante principalmente entre os Estados Unidos, China, Malásia, Grã-Bretanha e Japão.

 

 

 

#Laos

1 – Planície de Jarros e o azar do timing. O local foi colocado na lista de Patrimônio da UNESCO em julho de 2019, geralmente isso cria um boom turístico, mas a covid19 estragou os planos do governo. Os artefatos datam da Idade do Ferro, o que significa que eles foram produzidos entre 2,5 mil e 1,5 mil anos atrás, têm dimensões que variam entre um e três metros de diâmetro e alguns chegam a pesar até 14 toneladas. Contudo, o mais interessante é que ninguém sabe dizer a razão de os misteriosos jarros terem sido criados e qual era a sua utilidade.

 

 

 

#Malasia

1 – Nem tudo são flores no Bri: estado de Melaka rescindiu um acordo com a KAJ Development sobre o desenvolvimento Melaka Gateway. A empresa não conseguiu concluir a iniciativa marítima de 246,45 hectares, que assinou em outubro de 2017 e deveria incluir instalações portuárias, parques econômicos e atrações turísticas em três ilhas construídas artificialmente.

Originalmente proposto em 2014, o projeto há muito era visto como um elefante branco, principalmente porque incluía a construção de mais um porto em uma nação já bem servida pelas instalações existentes. Outros dois projetos do BRI já foram cancelados pelo governo malaio nos últimos anos.

2 – Votação do orçamento de 2021: mais do que um ato econômico, um ato político. O governo de Muhyiddin  pretende gastar um recorde de US $ 78 bilhões em 2021, à medida que busca compensar os efeitos econômicos negativos da pandemia Covid-19. O orçamento expansionista, um aumento de 2,5% nos gastos a partir de 2020, visa acelerar uma recuperação já evidente dos piores efeitos das restrições à atividade empresarial decretadas sob um bloqueio nacional anterior.

O problema é que a coalizão atual está muito enfraquecida, com uma maioria mínima de 113 dos 222 assentos na legislatura, a administração de Muhyiddin pode entrar em colapso se apenas três legisladores mudarem de lado.

Vale lembrar que a atual oposição sempre foi situação, desde o inicio da Federação na década de 60, e perdeu as últimas eleições após escândalos bilionários de corrupção. Muitos acusam a oposição de jogar a estabilidade do país no ralo em nome da volta ao poder. A votação orçamentária está programada para ocorrer agora no final do mês.

 

 

 

#Mianmar

1 – Moda: Partido militar derrotado não reconhece votação, questiona fraude, diz querer outra corrida eleitoral e instigou partidários q denunciar fraudes pelo país.

2 – O partido da líder Aung San Suu Kyi da Liga Nacional para a Democracia (NLD) obteve vitória estrondosa como se esperava. Aumentou dos 255 assentos para 258 na câmara baixa e de 135 para 138 na alta. O partido diz em sua carta que o país precisa buscar uma política externa “independente e ativa”.

Analistas acreditam que o país deve fortalecer suas relações com Índia, Japão, Tailândia, Coréia do Sul e Cingapura para tentar diminuir sua dependência da China.

 

 

 

#Tailandia

1 – No fim de semana, manifestantes deram as costas para a família real e escalaram “monumento à democracia”. O Escritório Nacional de Budismo da Tailândia emitiu esta semana uma ordem proibindo monges e noviços de participarem de protestos em massa, mas isso não impediu dois monges de subirem ao palco.

As autoridades tailandesas mobilizaram 8.000 policiais para patrulhar o protesto de sábado. A polícia usou canhões de água contra os manifestantes em um comício no domingo passado. Foi apenas a segunda vez que tais táticas foram usadas.

2 – Legisladores tailandeses descartaram na noite dessa quarta-feira cinco das sete propostas de emenda à constituição, enquanto mais de 10.000 jovens manifestantes se reuniram em um dos centros comerciais de Bangkok.

A sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado durou dois dias para analisar possíveis reformas constitucionais, incluindo uma que permitiria mudanças no papel da monarquia.

Entre as reformas discutidas estava o poder não democrático do Senado, do qual todos os seus membros – atualmente 245 – são escolhidos a dedo pelos militares tailandeses e têm poder de voto para nomear o primeiro-ministro juntamente com a câmara baixa.

A sétima moção foi apresentada pela ONG tailandesa de reforma social iLaw e recebeu grande apoio de manifestantes pró-democracia. A proposta deles aboliria a constituição atual e abriria o caminho para reescrever uma nova carta que cobriria todos os capítulos, incluindo a monarquia.

A Tailândia teve 20 constituições desde a abolição da monarquia absoluta em 1932 em favor de uma monarquia constitucional.

 

 

 

#Vietna

1 – Desde o início de outubro, o centro do Vietnã tem sido assolado por tempestades tropicais e tufões consecutivos, que causaram inundações e deslizamentos de terra na região. Pelo menos 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelas enchentes e 235 morreram ou estão desaparecidas.

O prejuízo econômico agora é estimado em cerca de US $ 1 bilhão , de acordo com o governo vietnamita. Doações internacionais estão começando a chegar de vários países, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Holanda e Japão. Até o momento, os EUA doaram US $ 2,1 milhões para o esforço de ajuda humanitária

 

 

 

DICA DA SEMANA:

A dica da semana é um excelente livro para entender melhor o sudeste asiático, para quem quer se aprofundar no tema. Vale muito a pena, a versão gratuita dele não tem cerca de 10% das páginas, mas ainda assim é esclarecedor.