Os movimentos que podem colocar o Brasil no radar de grupos terroristas
Mudança da Embaixada em Israel
Uma das promessas da campanha presidencial de Jair Bolsonaro era transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, seguindo os EUA. Ao vencer a corrida, o presidente eleito foi indagado sobre esse ponto e exposto aos perigos econômicos do mesmo. Inicialmente, Bolsonaro voltou atrás, mas agora parece que voltou atrás de voltar atrás.
Nesta terça feira dia 27, seu filho, o Deputado Eduardo Bolsonaro foi para um encontro nos EUA com Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente americano Donald Trump, e passou a dizer que “a questão é quando e não, se” sobre a transferência da embaixada.
Caso isso aconteça, provavelmente o mundo árabe, um dos maiores compradores de carne de frango e bovina, irá boicotar os produtos brasileiros. O Brasil pode perder US$ 7,1 bilhões de superávit comercial com os 21 países árabes. E com isso, ameaçar o emprego de boa parte dos 2,8 milhões de trabalhadores brasileiros do setor. Um golpe brutal para uma economia já em frangalhos.
Os Bolsonaros, não acreditam que o Brasil possa enfrentar problemas e alegam que, ao se posicionar contra o Irã, que constitui a maior ameaça à região, o país deixará claro sua intenção de se relacionar bem com as demais nações árabes.
Acontece que, o mundo árabe/islâmico é complexo demais para dividi-lo em um conflito xiitas/sunitas, são 73 ramificações oficiais do islã,e que sim, estão repletas de rivalidades entre elas, porém, seu ódio ao “imperialismo americano” e ao ocidente em geral ainda é muito maior que suas questões internas.
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira, já demonstrou preocupação com a possibilidade do Brasil reconhecer Jerusalém como a capital do Estado de Israel.
Segundo a nota, isso “pode gerar retaliações por parte dos países árabes, principais compradores da proteína animal produzida e exportada pelo Brasil”.
E essas retaliações podem ser ainda maiores, a nota fala em “embargos às vendas de outros setores da indústria nacional, a exemplo da aviação militar, dado que os países região do Golfo Arábico são clientes potenciais para a aquisição desse tipo de equipamento”.
A nota prossegue dizendo que “pelo lado dos investimentos, a imagem do Brasil como um bom ambiente para negócios pode ficar arranhada frente os países árabes, distanciando daqui os fundos soberanos daquela região, cujos recursos podem ser investidos aqui no Brasil, principalmente na infraestrutura logística”.
O conflito provavelmente não sairia da esfera comercial, uma vez que o Brasil sofre com a maior recessão de sua história. Sabendo disso, os árabes sabem que darão um contragolpe significativo. Contudo, culminando com o segundo movimento idealizado pelos Bolsonaros, a situação pode englobar outros tipos de retaliações.
Declarar Hezbollah como grupo terrorista
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton,declarou também nesta terça-feira que o governo de Donald Trump tem expectativas de que o Brasil declare o Hezbollah como um grupo terrorista.
O membro do alto escalão da Casa Branca declarou que “com o presidente eleito Bolsonaro, penso que é uma das maiores prioridades do presidente Trump estender a cooperação contra o terrorismo, seja sobre Hezbollah ou Hamas ou outros.”
O uso político do termo “terrorismo” é justamente o combustível de todo ódio que o mundo árabe sente dos EUA e Europa, além claro, dos envios de tropas para diversos países da região que só resultou em mais tumulto e desordem. Demonizar grupos não alinhados com sua ideologia e ignorar os malfeitos dos aliados é o que torna o “Ocidente” um inimigo ainda maior do que outras vertentes do Islã.
Hamas e Hezbollah que são citados na reunião são dois grupos com origem em resistência contra Israel, um grupo palestino e outro libanês,respectivamente. E tal qual, o CNA (Conselho Nacional Africano) partido de Nelson Mandela, e recentemente as FARC na Colômbia, nasceram na luta armada e aos poucos foram se inserindo na política de seus países.
O que são, como começaram e onde se encontram nos dias de hoje fica para os próximos assuntos, o foco aqui é, como isso pode afetar o Brasil. Especialistas do mundo inteiro sempre alertam para o risco de ter forças exteriores pressionando esses grupos através de força e ameaças a não propondo mesas de negociações de paz como fiscalizadores entre eles e suas nações de origem, como de fato, o Brasil tem sido historicamente.
Com setores de inteligência precários e que não se conversam, o Brasil se torna um alvo muito fácil de retaliações que com certeza serão cogitadas. A diferença de governos oficiais que cogitam sanções, as armas que esses grupos possuem são os tradicionais ataques a bombas, suicidas entre outros.
Fato é que o Brasil não ganha nada de concreto além de um muito obrigado de EUA e Israel com esses movimentos, pede para entrar em uma briga de gigantes,mas que de gigante ele só tem o território.