A Curiosa História da Libéria!

A Libéria, oficialmente República da Libéria, é uma república presidencialista localizada na África Ocidental. Sua capital é Monróvia, em homenagem ao presidente norte-americano James Monroe.

Possui um clima quente equatorial, com chuvas intensas na estação chuvosa e ventos na estação seca. A vegetação é composta, na maior parte, por florestas de mangue, enquanto o interior é escassamente povoado de florestas, com predominância de pastagens secas.

Seu nascimento ocorreu no século XIX em resultado da ação da Sociedade Americana de Colonização, organização criada por Robert Finley nos Estados Unidos em 1816, cujo objetivo era levar para a África negros livres ou negros que tinham sido libertos da escravatura. De acordo com uma opinião prevalecente em alguns setores da população dos Estados Unidos da época, os negros não seriam nunca capazes de se integrar na sociedade do país. O regresso a África seria uma solução para evitar certos “perigos” imaginados como resultado da presença negra, como o casamento interracial ou a criminalidade.

Libéria (“terra da liberdade”, em latim), é fundada por escravos libertos nos Estados Unidos. Um grupo inicial de 86 imigrantes, chamados “américo-liberianos”, estabeleceu um assentamento em Christopolis (hoje Monróvia) a 06 de fevereiro de 1820. Milhares de escravos libertos chegaram durante os anos seguintes, levando à formação de mais assentamentos e culminando na declaração de independência da República da Libéria a 26 de julho de 1847.

Anteriormente, os nativos já haviam feito contato e comércio com os portugueses, que chamavam a região de “grãos do paraíso” e já estiverem entre conflitos de ingleses e holandeses.

Joseph Jenkins Roberts, que nasceu e cresceu nos Estados Unidos, foi o primeiro presidente do país, representante do partido único, o True Whig Partiy (TWP). O estilo de governo e constituição foi modelado na dos Estados Unidos, e a elite américo-liberiana monopolizava o poder, restringindo os direitos da população indígena.

Rapidamente ocorreram conflitos entre tribos nativas e os recém-chegados imigrantes, conflitos esses que iniciaram a triste história do país. O ex-escravos passaram a tratar pessimamente mal imigrantes e outras tribos nativas. Somente em 1904 os nativos tiveram “direito a cidadania”

Curiosamente, os afros americanos que aceitaram voltar para seu continente natal para fugir de preconceitos e escravidão, usaram das mesmas armas contra a população local. Achavam-se superiores por possuírem conceitos republicanos e democráticos, portanto, precisavam comandar o país e “doutrinar” a população local para que a mesma “evoluísse”.

A 26 de Julho de 1847, a Libéria declarou a sua independência, assumindo a forma de uma república cuja Constituição foi decalcada a partir da Constituição dos Estados Unidos. Joseph Jenkins Roberts foi o primeiro presidente do país, exercendo funções até 1856. O reconhecimento da independência da Libéria pelos países mais importantes da época ocorreu entre 1848 e 1862: Grã-Bretanha em 1848, França em 1852 e Estados Unidos em 1862.

Devido ao cenário discriminatório, a soberania do Estado sobre o interior foi difícil, os autóctones resistiram, mas entre 1892 e 1911 a Libéria encerrou esses conflitos étnicos e definiu suas fronteiras.

Em 1943, a Libéria elegeu como presidente William V. S. Tubman, reeleito nas sucessivas sete eleições e que faleceu no exercício do mandato em 1971, passando o bastão para outro membro de seu partido que ficou no poder até 1980. Como em muitos outros casos no contexto da Guerra Fria, o período foi marcado por totalitarismo contra sua população, mas que por estar alinhado aos EUA e o bloco ocidental europeu, nada foi feito.

Samuel Kanyon Doe, assume a presidência em 1980 com um golpe de Estado. Doe, da etnia Krahn, uma tribo rural da Libéria continental, recebeu treinamento das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos. Os Krahn eram de antepassados puramente africanos, como a maioria da população da Libéria. Esta maioria havia sofrido uma larga repressão pela elite americo-liberiana. Ou seja, aquele conflito inicial causado por escravos libertos, ecoa até hoje no país.

Sob Doe, os portos da Libéria foram abertos aos navios americanos, canadenses e europeus, o que resultou em um investimento considerável por parte das empresas de navegação estrangeiras, que consideravam a Libéria um paraíso fiscal.

No final de 1980, quando a ameaça do comunismo desapareceu e a austeridade financeira chegou aos Estados Unidos, estes se desencantaram com a corrupção do governo Doe e retiraram grandes somas de ajuda externa. Isto, combinado com o descontentamento popular gerado pelo favoritismo de Doe para sua tribo, os Krahn, o deixou em uma situação precária dando início à Primeira Guerra Civil da Libéria que durou até 1996.

Ainda houve outra guerra civil em 1999, mas ainda muito atrelada ao cenário precário causado pela anterior. Hoje com o presidente Jorge Weah, ex-jogador de futebol de muito sucesso, único africano eleito melhor jogador do mundo, o país tenta deixar o passado de conflitos étnicos para trás, o presidente anterior era uma mulher, Ellen Johnson-Sirleaf, algo incomum para o continente, principalmente quando recém-saído de guerras civis.

Hoje, sua economia sofre, falta investimento internacional e infraestrutura. O desemprego atinge grande parte da população; a fome e a desnutrição castigam os habitantes.

A cada mil nascidos na Libéria, 93 morrem antes de completar um ano de idade; a maioria dos habitantes vive com menos de 1,25 dólar por dia, ou seja, abaixo da linha de pobreza.

O centro do problema econômico e social do país hoje é consequência das guerras civis que começaram em 1980, e o centro dessas guerras civis, é a pretensão de superioridade que leva a supressão de povos causada justamente por quem deveria combate-la: povos que eram suprimidos anteriormente.