Feliz dia da Consciência Negra, Brasil!

O país que foi o último do ocidente a proibir a escravidão certamente merece um dia para lembrar dos horrores dessa prática, e também de suas políticas discriminatórias posteriores.
Os negros “libertos” precisavam trabalhar, no entanto, tinham que competir no mercado com o branco Europeu que chegava aos milhares, quem será que conseguia um emprego? Sem direito à terra, educação e ao voto (analfabetos eram proibidos de votar), os negros foram marginalizados. A “ciência” foi primordial para o aumento da distância entre o branco e o negro:
1 – Darwinismo Social
 O darwinismo social criou métodos de compreensão da cultura impregnados de equívocos e preconceitos. Em seu livro, Darwin não trabalhava com uma teoria vinculada ao com superioridade e inferioridade. Entretanto, as imposições da Europa “superior” a esses povos “inferiores” acabaram trilhando uma série de graves problemas de ordem, política, social e econômica.
2 – Teses Eugenistas
Entre os séculos XIX e XX, vigoraram em teses eugenistas, isto é, teses que defendiam um padrão genético superior para a “raça” humana. Elas defendiam a ideia de que o homem branco europeu tinha o padrão da melhor saúde, da maior beleza e da maior competência civilizacional em comparação às demais “raças”, como a “amarela” (asiáticos), a “vermelha” (povos indígenas) e a negra (africana).
3 – Estímulos à imigração dos Europeus
O estímulo à imigração no Império era uma resposta ao fim do tráfico de escravos. As primeiras experiências de imigração para o trabalho na lavoura de café ocorreram na década de 1840. O modelo de estímulo à vinda dos imigrantes europeus foi dado pelo cafeicultor e senador Nicolau de Campos Vergueiro, que tinha propriedades na região de Limeira. Entre 1847 e 1857, Vergueiro estimulou a vinda de famílias belgas, alemãs, suíças e portuguesas para trabalhar em suas lavouras em regime de parceria.
Além do incentivo financeiro, populações de várias regiões europeias vivenciavam guerras, principalmente a Itália e a Alemanha, onde havia as guerras de unificação nacional. Vieram também imigrantes espanhóis, portugueses e eslavos. O incentivo à vinda dos europeus encontrava apoio na ideia racista de que era preciso “branquear” a população brasileira, formada majoritariamente por negros.
“Ah, mas não é justo, eu que não escravizei ninguém, pagar por algo que não fiz mimimimi…”
As chamadas Políticas Afirmativas (Cotas) são formas do Estado de tentar minimizar os impactos de séculos de “Políticas Negativas”, sim, foram medidas tomadas pela máquina estatal, e não somente até o fim da escravidão, muitas começaram logo após esse período. O fim das discriminações só foram universalmente aceitas como algo ruim pós Segunda Guerra Mundial, ou seja, apenas em 1945. Porém, apenas em 1994 caiu o último grande Estado oficialmente racista (África do Sul), e nações tidas como primeiro mundo como a Austrália também tiveram o racismo institucionalizado, esse durou até 1973.
“Ah, mas os africanos também escravizavam mimimimi…
A escravização dentro da África era entre tribos rivais, não de teor racial como a do Atlântico. Escravo vem do latim “sclavus”, que significa “eslavo”, historiadores acreditam que foi nessa região (Leste Europeu e parte da Rússia) que essa prática de escravização por guerras ou por dívidas teve início, isso lá na Antiguidade. Portanto, não se escravizava pela cor, e os conceitos de raça e/ou de Estado são posteriores e europeus.
Matematicamente já não faz sentido colocar negros e brancos no mesmo padrão de escravização, afinal, como algumas centenas de europeus conseguiram conquistar toda a América de milhões de índios e trazer forçadamente milhões de africanos, senão por sagazes táticas de exploração das rivalidades locais?