Ida de Bolsonaro à Rússia – Fatos, acontecimentos e teoria

Esse post é uma reflexão pessoal moldada em falas e hipóteses de alguns cientistas políticos, antropólogos e jornalistas. O que eu fiz foi amarrar alguns pontos que acho pertinentes para tentar entender o motivo dessa insistência em uma visita tão polêmica, sem um aparente ganho imediato ou concreto e de um líder que não faz questão alguma de manter boas relações com o mundo.

 

Ida de Bolsonaro à Rússia – Fatos, acontecimentos e teoria

 

Fato 1 – conforme saiu há 2 dias na mídia, a Rússia pediu que o brasil diminuísse o tamanho da comitiva que vai para moscou, o governo brasileiro vai cortar o chefe da economia, Paulo Guedes, e da justiça, Anderson Torres, entretanto, a ministra da agricultura, Tereza Cristina será mantida, o que se sabe é que quem não sairá da lista são: ministros Augusto Heleno, do gabinete de segurança institucional, Walter Braga Netto, da Defesa, o Almirante Flávio Rocha, secretário de assuntos estratégicos, General Eduardo Ramos, da secretaria-geral da presidência e os três comandantes das forças armadas.

Oficialmente o governo brasileiro fala sim em cooperação militar, mas diz também se tratar de aproximação da relação comercial entre o Brasil e Rússia. Em uma live, Bolsonaro chegou a declarar que encara a viagem como uma oportunidade para a economia brasileira, devido a dimensão do mercado russo. Será? Uma ministra não militar no meio dessa tonelada de fardados? Parece que proporcionalmente o foco está desbalanceado.

 

Fato 2 – Por que a insistência nessa viagem quando o mundo inteiro está evitando tomar parte no conflito da Ucrânia? Ainda mais se tratando de um presidente que não vai nem em posse de presidentes essenciais pra economia brasileira quando o viés ideológico dos eleitos não o agrada? Talvez seja o presidente que menos viajou da história recente do país. Cadê a necessidade de viajar para se preocupar com relação comercial para os vizinhos da américa do sul? Da Alemanha e/ou da França? Muito mais importantes do que a Rússia.

Depois a comitiva, quase toda militar, visitará Polonia e Hungria, outros dois países pouco importantes economicamente para o Brasil e muito importante nas táticas híbridas de ataque as instituições e aparelhamento do judiciário.

 

Fato 3 – Recentemente Bolsonaro voltou a atacar o TSE e colocar a eleição em cheque, paralelamente a isso, o Tse através da figura do Barroso voltou a atacar o Telegram e pedir sua suspensão. Telegram é de origem russa, mas o que poucos sabem é que justamente por não quererem ser controlados, os criadores foram para Abu Dhabi (um fundo de investimento local o comprou) e aplicativo até foi banido na Rússia por anos, mas Putin desistiu por ver que as pessoas continuavam a usá-lo.

Não seria o Telegram o inimigo externo perfeito para colocar em xeque o resultado eleitoral ou ao menos bagunçar tudo? Justo em um país em que as Forças Armadas se declaram abertamente como poder moderador? Forças armadas que estão em peso na reunião, e que aderiram quase que totalmente a um governo especifico? Lembrando que dos 17 generais do alto comando do exército, QUINZE exercem ou exerceram cargos no governo Bolsonaro.

Fato 4 – Para quem ainda acredita nas instituições, vamos lembrar que em 04/04/2018 ao votar contra o habeas corpus do Lula, o mesmo barroso disse sem o menor problema: “não prendemos os verdadeiros bandidos do brasil” e completou “mais fácil prender um menino com 100 gramas de maconha do que um agente público que desviou milhões “. Ok que ainda assim é difícil imaginar Barroso e Bolsonaro em uma pauta que os uma, ainda que seja pra evitar uma volta do PT, mas não é de todo impossível. Afinal, trata-se de um ministro que não tem a menor dúvida que a volta do partido significa o retorno de bandidos ao comando do país. Fora o fato de que diversos membros do Stf foram lavajatistas inabaláveis, como Barroso, atual presidente do Tse e quem fiscalizará as eleições, junto com um general e mais algumas outras pessoas.

HOJE mesmo, 15/02/22 na Globonews, Barroso atacou a Rússia sobre a pseudo interferência russa na eleição dos EUA, um ministro da suprema corte e do órgão eleitoral máximo atacando um país parceiro.

 

Tese

 

A tese (ou chute, ou pitaco, como queiram) é que os generais vão negociar com Putin a permissão para atacar o Telegram, e por consequência, a Rússia para afetar as eleições de alguma forma (ainda está muito longe para saber como as coisas vão se desenrolar, mas o plano tem que estar arquitetado caso necessário). Por que, claro, para imitar os EUA, o Brasil precisaria ter o mesmo peso em soft e hard power para provocar um inimigo desse tamanho e está longe de possuí-lo.

Ou os militares vão continuar fazendo a tática desde o dia 1 do governo Bolsonaro de “good cop, bad cop”, em que eles saem como salvadores da democracia e da constituição deixando o papel de malvado para o Bolsonaro, ou vão rasgar a fantasia e sair do armário. Fato é que não planejaram por anos entrar na política para sair apenas depois de quatro anos como se nada tivesse acontecido.

O que não dá para fazer sequer ideia é o que Putin pediria em troca, ainda mais de um país totalmente de joelhos para os EUA, e como os generais equilibrariam algum pedido oneroso de Putin e ficar mal com Washington, a dona da nossa coleira.

 

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