Momento do Comex #02, por Luis Maluf
Luis Gustavo Maluf – www.linkedin.com/in/luismaluf
PANORAMA GLOBAL – AGOSTO/2024
ÁSIA
O mês de julho terminou com extra loaders para redução / solução de backlogs e uma oferta de espaço extra que permitiu uma flutuação a menor para o mercado spot. Esse reflexo, no entanto, não foi sustentável por mais de uma quinzena, e já verificamos um recrudescimento no mercado de fretes e alocações esgotadas para as embarcações diretas durante a primeira quinzena de agosto.
Podemos atribuir esse fato a algumas conjunturas específicas:
- O uso de sistemas de compra eletrônicos no frete torna mais ágil a mensuração e a flutuação das tarifas, bem como o controle dos armadores sobre a ocupação dos navios;
- Redução no número de NACs e Contratos de Longo Prazo;
- HUBs de Cingapura e Busan ainda congestionados;
- Tensão crescente no Oriente Médio;
- Expectativa sobre recuperação das economias na Zona do Euro;
- Expectativa sobre recessão nos EUA.
- Retirada de espaço via EUR nas nossas rotas (ver item Europa abaixo).
Na atualização do quadro gráfico, temos um pico em 11/07 de USD 9.600,00 de média e uma redução a USD 8.676,00 na média em 31/07.
BRASIL
Depois de constantes aumentos no frete, sua queda trouxe o volume de ‘oportunidade’, ou seja, importadores que aguardavam qualquer sinal de que havíamos atingido um pico e que agora poderiam embarcar em queda (e obter alguma vantagem comparativa quanto ao fator de nacionalização).
Esse volume tomou conta de um bom espaço que estava disponível ainda para agosto, o que tornou os níveis de frete que tinham expectativa de queda livre, em um ajuste mais bem posicionado para os armadores (caiu, mas não o tanto que se esperava).
Exportadores brasileiros têm uma conjuntura paradoxal para lidarem em agosto:
Efeitos Positivos:
- Câmbio extremamente favorável para exportadores;
- A otimização de rotas pelos importadores mundo afora pode abrir novas e boas oportunidades a quem vende a partir do Brasil;
- Fretes internacionais para todo o mundo, à exceção dos Estados Unidos, estão competitivos.
Efeitos Negativos:
- Falta de equipamentos nos terminais;
- Schedules ainda inconstantes nos maiores portos do país;
- Custo dos combustíveis e insumos importados inflacionarão;
- Free times ainda prejudicados / baixos em relação ao desejado;
ESTADOS UNIDOS
A rota de exportação para os Estados Unidos mantém-se congestionada e enfrenta uma conjuntura ainda relevante no que tange à estabilidade e integridade dos schedules. Algumas causas fundamentais:
- Ausência de um acordo com a ILA (Sindicato) dos terminais na Costa Leste e Golfo, com real ameaça de greve e paralisações de operações portuárias em 30/09/2024;
- Obras no porto de Charleston – atraso médio de 7 dias nas atracações;
- Conjuntura eleitoral que se mantém indefinida e, com isso, as políticas externa e cambial também.
- Canal do Panamá – teve uma melhora nas condições gerais de abastecimento e trânsito, permitindo passagem de uma maior quantidade de embarcações.
EUROPA
A Europa voltou a apresentar crescimento econômico real na zona do Euro, deve terminar o ano em 1% e a expectativa de 2025 é de continuidade (EU economy will grow and inflation decline further, new forecast says – European Commission (europa.eu)). O avanço na atividade econômica trouxe fôlego aos importadores que ocuparam boa parte do capacity da Ásia.
A rota que servia ao Brasil via Europa foi bastante prejudicada pela prioridade às cargas europeias, ou seja, tivemos espaço retirado das rotas que nos serviam. O cenário fica mais claro quando observamos a situação dos fretes dos principais portos asiáticos para os principais europeus. Trajetória de alta acentuada.