Paz e Guerra Entre as Nações

“A guerra não é um ato isolado, que ocorra bruscamente, sem conexão com a vida anterior do Estado”.

Talvez se possa dizer que a contribuição específica de Aron à teoria das relações internacionais residiria no seu empenho em estabelecer regularidades, PADRÕES. Reconhece de pronto que é muito difícil fixar limites rígidos entre a teoria (pura) e a prática.

Em suma, o sociólogo está convidado a pesquisar, como diz, “os fenômenos-causa, determinantes”. Para tanto irá considerar os seguintes aspectos:

1) os Fatores da potência (qual o peso específico, em cada época, desses fatores);

2) a escolha, por determinados Estados, em determinadas épocas, de certos objetivos, em vez de outros;

3) as circunstâncias necessárias ou favoráveis à constituição de um sistema (hegemônico ou heterogêneo, pluripolar ou bipolar);

4) o caráter próprio da paz e da guerra;

5) a frequência das guerras; e,

6) a ordem segundo a qual se sucedem as guerras e a paz (se é que existe tal ordem) o esquema (se há tal esquema) de flutuação da sorte, pacífica ou belicosa, das unidades soberanas, das civilizações e da humanidade.

Ele defendia que a vontade de guerrear do homem está mais ligada a sua racionalidade do que seu lado animal

“A guerra é um ato de violência destinado a obrigar o adversário a realizar nossa vontade”

O elemento passional interessa sobretudo ao povo; o elemento aleatório, ao exército e ao seu comandante; o elemento intelectual, ao governo; este último é decisivo e deve ordenar o conjunto.

Raymond Aron, foi um filosofo e sociólogo político. Nascido em 1905, viveu durante o período   das Grandes Guerras. Ficou conhecido pelo seu humanismo e liberalismo, criticando as tendências totalitárias dos regimes marxistas. Seus livros são marcados pelas questões de violência e conflito entre os Estados, como é perceptível no livro, Aron começa o capítulo dois, “O poder e a força ou Os meios de política externa”, definindo o conceito de poder e potência.

O poder de um indivíduo é a capacidade de fazer, de influir sobre a conduta ou os sentimentos de outros indivíduos. Sendo assim, o poder político seria uma relação de influência entre os homens.

Há também a diferenciação entre potência defensiva e potência ofensiva. Potência defensiva é a capacidade de uma unidade política de resistir a vontade de outra, e a ofensiva é a capacidade de impor sua vontade sobre outras. Para ele, a política internacional está organizada na forma de anarquia, onde todos são soberanos e estão em constante competição.

A relação entre poder e potência na unidade política se torna claro, havendo a intermediação de um ou mais homens. Nesses casos, os “homens de poder” são também “homens de potência”, influenciando o modo de agir de seus semelhantes.

Poder e potência são muito confundidos no cenário internacional. A potência no cenário internacional é diferente da potência no cenário interno de cada país .

A política para Aron é a luta pelos indivíduos e os grupos pelo acesso aos postos de comando, partilha de bens escassos e a busca de uma ordem equitativa.

A diplomacia tradicional costumava dividir as unidades políticas em potências grandes ou peque nas. No entanto, após a Segunda Guerra, essa relação foi gradualmente desaparecendo, uma vez que com o surgimento de armas atômicas os Estados não mais se julgavam obrigados a obedecer. A diplomacia pode ser definida como a forma de convencer sem usar a força. Mesmo em guerra a diplomacia não é afastada, também conduz aos aliados e aos neutros

Não adianta tentarmos extrair das relações internacionais, ensinamentos universais, aplicáveis a todos os momentos e a todos os atores indistintamente, Aron, mostra que tudo muda e o único entendimento possível de uma determinada ação só pode ser compreendido no estudo da conjuntura específica e nas opções dos tomadores de decisão.

Sobre as raízes da guerra como instituição, conclui-se que, o homem é um animal agressivo, mas não luta por instinto; a guerra é uma expressão da coletividade humana, mas não é necessária, embora tenha ocorrido constantemente desde que as sociedades se organizaram e se armaram. A natureza do homem não permite que a violência seja afastada definitivamente; em todas as coletividades os desajustados violarão a lei e atacarão as pessoas.

O desaparecimento dos conflitos entre indivíduos e entre grupos é contrário a sua natureza. Mas não está provado que os conflitos devem se manifestar sobre forma de guerra, tal como conhecemos

A dificuldade em manter a paz está mais relacionada à humanidade do homem do que sua animalidade. O rato que levou uma surra sujeita-se ao mais forte e a resultante de domínio é estável; o lobo que se rende, oferecendo a garganta, é poupado, o homem é o único ser capaz de preferir a revolta a humilhação e a verdade à vida. Por isso a hierarquia dos senhores e dos escravos (como defende Hegel em sua “dialética do senhor e dos escravos) nunca pode ser estável.

Os estados nacionais, ainda que plenamente estruturados, não são necessariamente pacíficos, agindo movidos pelo orgulho podem promover políticas imperialistas. Embora se tenda a compreender o Estado como um indivíduo, ele é o conjunto de interesses diversos que o patrocinam.

Aron estuda a regularidade sociológica dos fatores que condicionam a condução de uma política externa: espaço, número, recursos, nações e regimes. O que ele realça, com originalidade, é que estes fatores não são mobilizados em função de um objetivo unívoco. É uma característica das relações internacionais a pluralidade dinâmica dos objetivos concretos das políticas externas dos Estados que compõem o sistema internacional.

Entre estes objetivos figuram: segurança, desenvolvimento e bem-estar, prestígio, afirmação de ideias. É isto que faz do conceito do interesse nacional um conceito plurívoco e por vezes esquivo.

 

Na guerra absoluta uma nação só quer impor à outra nação, que seria no caso seu adversário, sua autoridade, fazendo com que sigam suas leis. Na guerra real, o exército de uma nação nunca será encontrado reunido em um só ponto, a guerra é considerada um jogo onde quem tiver o melhor cálculo e coragem ganha. Para que uma guerra se inicie, é preciso pelo menos três elementos:

– Animosidade, que seria o impulso natural e cego das nações;

– Ação bélica, que seria a atividade livre da alma, indicando um jogo de azar e de probabilidade;

– Ato político, que seria o elemento principal, já que ele comanda os dois outros elementos, e ele surge de uma situação política e resulta de uma razão politica

Com isso chegamos na conclusão de que o texto é composto por 4 partes – teoria pura e prática; abrir a teoria das Relações internacionais (sociologia); analise das armas nucleares (história); e a última parte seria a pratica no ponto de vista puramente sociológico. Ele não monta um caminho para a paz, ele só fala das guerras e suas consequências.