O negacionismo climático começa a fazer vítimas políticas
Protestos anti-Scott Morrison (Primeiro Ministro da Austrália), estão marcados para essa sexta-feira (10/01/2020) às 18h. Os organizadores estão pedindo que todos os bombeiros sejam pagos, ajuda às comunidades afetadas, uma transição imediata para longe dos combustíveis fósseis e a demissão do primeiro-ministro Scott Morrison. A previsão é que nessa sexta as temperaturas em algumas cidades atinjam novos recordes.
A raiva contra Morrison acontece por dois motivos, primeiramente por ter tirado férias com a família no Havaí em plena crise, e segundo e mais importante, o político é um negacionista do clima. O Serviço de Meteorologia da Austrália já apontou a conexão entre os incêndios e a mudança climática, e ainda assim, Morrison se recusa a aceitar os dados do instituto.
Em 2007, a ONU enviou alguns cientistas para buscar consenso sobre o tema, já era categórico sobre o impacto do aquecimento global sobre o fogo.
“Existe virtualmente certeza de que ondas de calor e incêndios vão aumentar em intensidade e frequência”.
Em 2008, um documento encomendado pelo governo australiano fez um alerta importante:
“Projeções meteorológicas recentes sobre incêndios sugerem que a estação do fogo vai se iniciar antes, terminar um pouco depois e geralmente será mais intensa” afirmava o documento de mais de 500 páginas, num capítulo específico sobre incêndios florestais. “Esse efeito crescerá com o tempo, mas deve ser diretamente observável por volta de 2020.”
Para piorar, o Primeiro Ministro chegou a dizer que os bombeiros estão trabalhando “porque querem” e se recusa a pedir mais recursos para o combate ao fogo. A Austrália é um país que depende muito de energia por queima de carvão, extremamente poluente, acredita-se que esse lobby influencia o cenário político.
Meio bilhão de animais morreram, uma área devastada do tamanho de Portugal, milhares de refugiados em praias, 30 mortos e R$5,7 bilhões de prejuízos, por enquanto esse é o resultado dos incêndios. Incêndios são comuns no país, mas nunca se viu algo assim. O clima é seco e ventos fortes são típicos, os 50ºC que têm a região tem atingido é que está fazendo todo esse estrago. Essa é a grande diferença para a Amazônia e basicamente o motivo de não fazer o menor sentido comparar as duas situações.
A anticiência precisa ser combatida, a negação da ciência é uma constatação óbvia de desconhecimento da evolução humana, o problema maior é que a anticiência usa os jargões da ciência (e também a sua credibilidade) para vender placebos. E o pouco conhecimento das pessoas facilita todo este processo.
Como tudo tem dois lados, o lado bom de toda essa tragédia é a tendência a haver cada vez mais consequências políticas aos irresponsáveis líderes mundiais que daqui pra frente se neguem a aceitar os efeitos do clima causado pelo homem, pode-se até discutir o nível de peso que é culpa do homem e até onde é uma mudança natural do planeta, mas negar que o homem tenha culpa nisso é totalmente irracional.